Decrescimento e economia solidária : existem elementos para uma plataforma comum?

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília,

Alan Ainer Boccato Franco, novembro 2014

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Resumo :

A emergência da problemática ambiental, as crises econômicas e o desmoronamento das experiências do socialismo real que caracterizaram as últimas décadas do Século XX proporcionaram um contexto para o surgimento de movimentos alternativos tanto no Norte como no Sul do planeta. Um desses é o Decrescimento, surgido na França e com protagonismo maior no continente Europeu, defende o abandono da ideologia do crescimento econômico, já que ela gera desigualdades e colocou a humanidade sob risco de um colapso ambiental. Alguns autores têm desenhado a possibilidade de convergências entre o Decrescimento e movimentos sociais do Sul, cujo foco tem sido a análise dos problemas enfrentados pelo Sul decorrentes do modelo de desenvolvimento do Norte. A presente pesquisa se insere neste debate propondo um caminho adicional: os elementos teóricos que orientam grupos sociais presentes nos países do Sul, com foco no Brasil, em particular a Economia Solidária. A pergunta que guia esta pesquisa é: existem elementos suficientes entre a Economia Solidária no Brasil e o Decrescimento que permitem formar uma plataforma comum? Para respondê-la, partiu-se de aspectos teórico-conceituais presentes em amostras de textos de cada um dos movimentos. Como resultado, verificou-se que os elementos que distinguem os movimentos predominaram, numericamente, sobre os comuns; e estes sobre os antagônicos. Dentre os antagonismos, a Economia Solidária incorpora, qualificando, as noções de crescimento econômico e de desenvolvimento, enquanto que o Decrescimento rejeita-os. Estes antagonismos e algumas distinções foram discutidos a partir: da problematização e da qualificação que a Economia Solidária lança mão sobre esses temas; dos diferentes contextos históricos, composição de atores e demandas imediatas dos movimentos; das experiências práticas que acumulam e da (in)consistência de dados que apresentam, dentre outros. Dentre os elementos comuns, destacam-se: autonomia, democracia e igualdade; noção de bem-estar baseada em atributos qualitativos, relacionais e na harmonia entre os seres humanos e destes com a natureza; oposição ao consumismo e ao sentido de vida baseado em termos quantitativos e materialistas; diferenciam as necessidades essenciais, ou básicas, das necessidades criadas e atribuem valor positivo às primeiras; e se aproximam do Buen Vivir, identificam os movimentos por justiça ambiental como aliados e atores considerados como parte de cada um dos movimentos estudados fazem parte de uma mesma rede. A conclusão geral desta dissertação é que os elementos comuns apontam para a possibilidade de uma plataforma comum, vez que os antagônicos e distintos não inviabilizam o diálogo entre os movimentos. Conclui-se, por fim que o FBES é um ator da Economia Solidária que pode favorecer o diálogo com o Decrescimento.

Fontes :

Repositiorio Institucional Universidade de Brasilia repositorio.unb.br/handle/10482/16956